Além do óbvio

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O sucesso da reprise de Pantanal, uma novela dos anos 90 que chega por muitas vezes ganhar de produtos inéditos em horário nobre faz-me pensar o que levou a Rede Manchete a falência? E a resposta a essa questão vem rapidamente pois a falta de seriedade, honestidade e caráter na gestão de uma emissora promissora com grande apelo ao publico foi o que levou a sua ruína.
Na noite do dia 5 de junho de 1983, um domingo entrava no ar o show “O mundo Mágico”, primeiro programa produzido pela Manchete e logo após foi exibido o filme inédito “Contatos Imediatos de Terceiro Grau”, de Steven Spielberg. Nessa data já no seu lançamento ela começa a incomodar a Rede Globo, já que com a exibição desse filme a exibição conseguiu picos de 33 pontos, naquela mesma noite a Rede Globo exibia Fantástico, com média de 35 pontos. (cada ponto equivale a 55 mil televisores ligados).

O investimento inicial feito pelo empresário e fundador da emissora Adolpho Bloc foi de aproximadamente US$ 50 milhões, mas já no ano de 1986, a Rede Manchete já acumula, um prejuízo, desde a estréia, de US$ 80 milhões e uma dívida de US$ 23 milhões. Ainda em 1986, duas atrações contribuíram para o aumento da crise financeira: a transmissão da Copa do Mundo de 1986, no México e a novela “Dona Beija”, uma produção que custou mais de US$ 2 milhões. Com cenas de nudez a novela fez grande audiência – cerca de 15 pontos diários, especialmente entre o público masculino, mas também deu prejuízo. Em 1989, com a tentativa de se reerguer a Rede Manchete com dívida superior a US$ 50 milhões investe no segmento da teledramaturgia para tentar conquistar audiência, prestígio e, conseqüentemente, faturamento nasce nessa nova fase da emissora a novela Pantanal.

Mas o sucesso de Pantanal não foi sustentado pelas novelas substitutas afinal a emissora conseguia fazer produtos de qualidade mas que não conseguiam o resultado esperado era feito um grande investimento nas produções, mas não se tinha lucro.
Uma auditoria feita entre os anos de 1987 e 1988 revelou que Adolpho Bloch assinou a extraordinária quantia de 28 mil cheques sem fundo, que somaram 50 milhões de dólares. Arrumou outros 11 milhões de dólares com 2 mil duplicatas frias. Os cheques sem fundo eram transformados automaticamente em empréstimos, dificilmente resgatáveis. Bloch emitia uma nota fiscal contra um comprador de publicidade fictício, fazia uma duplicata fria e a descontava no banco. Quando vencia a dívida, o banco procurava o devedor e não o encontrava, pelo bom motivo de que ele não existia fez tudo isso num ato inconseqüente de recuperar a Rede e minimizar seus prejuízos.
Com crises reincidentes, sem uma boa administração, visão estratégica de negócio em 1999 a Rede Manchete fecha as portas, embargada pela Justiça.
A história da Rede Manchete nós dá um exemplo que infelizmente não é singular, afinal ela tinha gastos maiores que sua receita, pegava empréstimos que não poderia pagar, sustentava em sua programação produtos que davam audiência mas não geravam lucros e é com isso que as emissoras de hoje tem que se preocupar, adianta sustentar um programa no ar sem faturamento?

A Rede Manchete tinha condições de ultrapassar a lider do mercado , a Rede Globo mas fica a lição de que administrar com seriedade é uma das características que não pode faltar a nenhuma empresa que quer crescer.
Texto: Rafael Lindo

1 comentários:

Anônimo disse...

Oi Rafael, tudo bem?
Seu texto está ótimo. Parabéns gostei do seu blog.
Um abraço e boa sorte!
Doté Jorge