Ontem (04/12) enquanto moradores da favela da Maré protestavam, ateavam fogo em carros e paravam a Linha Amarela e Vermelha devido à morte de um menino de 8 anos, causada segundo moradores por policias, o presidente Lula fazia um belo discurso no Complexo do Alemão, inaugurando obras do PAC.
No seu discurso o presidente disse as seguintes palavras: “A polícia que vai atuar vai ser uma polícia mais companheira das pessoas que trabalham aqui. Nós não queremos mais aquela polícia que aparece de vez em quando, sem saber tratar quem é bom e quem não é bom, tratando todo mundo como se fosse inimigo. Temos que estabelecer não uma ação violenta, mas uma ação harmônica entre a sociedade e a polícia. Vocês podem ver a polícia como inimiga e nem a polícia pode ver vocês como bandidos”.
Parece que o presidente não lê as manchetes dos jornais, não sabe da existência do Caveirão, que sobe os morros e as favelas atirando pra tudo quanto é lado e baleando uma criança de 8 anos. Que infelizmente é “só mais um” entre tantas outras vitimas de uma ação mal planejada e ineficiente da PM. Mas se isso acontece não é culpa exclusiva da PM. Tem também uma grande parcela de responsabilidade quem ordena a PM a agir assim. O governador Cabral com a sua política de enfrentamento direto, querendo aparecer na mídia como o “grande salvador da pátria”. Com essa postura egocêntrica de querer chamar atenção pra si acaba por fazer inúmeras vitimas, aproximando mais a comunidade do traficante que aproveita de situações como as de ontem e vende a figura de protetor, justo e grande pai, que nunca seria capaz de matar um menino de 8 anos.
O Rio de Janeiro é uma cidade de contrastes e não só de contrastes naturais, que faz o nosso Rio cheio de beleza, mas tem como um dos seus maiores contrastes a diferença entre o discurso e a prática. Política de segurança efetiva, que una a comunidade e o estado como no discurso está muito longe de acontecer.
Texto: Rafael Lindo